A Arte de Parar e o Sabático

by Augusto Cuginotti

Inventei uma resposta.

A pergunta era essa: Será que as pessoas estão evoluindo tanto quanto a tecnologia? Muita gente diria que não – eu acho que é porque tecnologia é lei de Moore e desenvolvimento humano é lei de Murphy. A primeira é coisa meio nerd e a segunda é nonsense, mas como lei é lei, a gente respeita só por se acaso.

Lei de Moore: “o número de transistores dos chips teria um aumento de 100%, pelo mesmo custo, a cada período de 18 meses”

Lei de Murphy: “Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará”

Tecnologicamente à Jato

Apesar de cada vez podermos ir mais rápido, e irmos, parece que tem mais gente parando para achar direção e, mais importante, dar sentido ao caminho. Talvez porque chegar rápido a lugar nenhum tenha saído de moda. Na linha da modernidade, dar uma paradinha parece ser uma boa.

Talvez porque chegar rápido a lugar nenhum tenha saído de moda.

Uma amiga me disse que a cada 7 anos a vida dela dá uma reviravolta. Fiquei pensando que talvez tivesse a ver com aquela história que eu ouvi no colégio: temos todas as nossas células do corpo renovadas a cada 7 anos. Então… daqui a 7 anos não vou ter mais nenhuma dessas aqui? [Olha para a própria mão já com saudade] É.

Já pensou que nessa hora somos um hardware completamente diferente, mas um software mais ou menos igual? Tá, não tanto dos 7 aos 14 ou aos 21 – somos mais flexíveis no software por aí, mas quem sabe dos 35 aos 42? 60 aos 67?

Nesse caso mudar o hardware é fácil, basta mesmo é sentar e esperar. Já mudar o software é outra história: a mesma amiga disse que precisa parar por um tempo para fazer update e que as vezes tem até atualização de segurança – se não pára dá tilt.

Além disso, software desatualizado não consegue interpretar o que roda de novo. Para provar: estou aqui sem conseguir abrir o tal de docx. Me diz, que aberração é essa?

Enfim, computações à parte, parar de tempos em tempos pode ser justamente o que está faltando para ver e rever algumas coisas, aprender e desaprender outras e ainda por cima descansar um pouco.

Esqueceu por que você escolheu esse caminho?

Meus colegas indianos lançaram um chamado para um ano de novos aprendizados – convidaram as pessoas para repassar o convite. Gostei, e fiz o meu próprio folder de divulgação.

Outros amigos estão empenhados em mostrar o que pode fazer uma parada no dia-a-dia de sempre, seja com uma viagem de férias, um ano sabático ou um retiro para o campo.

Seja lá como for a parada, faça do seu jeito

① Dê uma de metido(a) – se você imaginou que pode fazer, faça. Claro que se sentir seguro e fazer check-up no dentista pode ser uma boa. (vide Lei de Murphy e bata na madeira)

② Faça do seu jeito, mas diminua a velocidade o máximo possível. Afinal, parada em alta velocidade num existe. Pular de pára-quedas pode, desde que seja um salto zen.

③ Faça do seu jeito, mas diferente. Exemplo? Se você é do tipo que não planeja nada, que tal ler o livro e levar o mapa? Se tem sempre tudo reservado, mude bastante de idéia no dia anterior.

④ Blackberry nem pensar. Se você é do tipo muito plugado, desplugue-se. Continuar lendo esse blog tudo bem, é claro. ;)

⑤ Ignore todo o tipo de lista que diga o que você tem que fazer.

Lugares para ler e ver sobre essas coisas

  • Veja os capítulos do livro do Estraviz sobre Sabáticos.
  • Assista alguns programas do Viagens Sabáticas no Vimeo.
  • O site sobre sabático de Herbert Steinberg que escreveu “Sabático – Um tempo para crescer”
  • O livro que eu não li, mas parece interessante – “A Essencial Arte de Parar” de David Kundtz.
  • Treine seu inglês lendo um documento sobre velocidade na sociedade.
  • O livro Um Homem em Movimento que conta a história de Roberto Cunha em Santiago de Compostela.
  • Ligue para alguém para contar que você teve umas idéias interessantes.
  • Finalmente mas não menos importante: Conta a idéia pra mim?