By the university of iowa libraries

Atitude de Aprendiz

by Augusto Cuginotti

Fui convidado para oferecer um workshop em um encontro na Universidade de Greenwich sobre “Other Ways of Knowing” – Outras Formas de Conhecer.

Antes do início dos workshops tivemos algumas apresentações e em uma delas chamou a atenção de todos a introdução de alguns ‘saber-fazer’ como fundamentais para o conhecer. Exemplos eram coisas práticas como cozinhar e jardinagem. Tipos de coisa que pedem ser praticadas, alinhando o conhecer com habilidades de saber-fazer.

Achei interessante e de fato condizente com a proposta do encontro. Trabalhar conhecimento é coisa tradicional nos sistemas educacionais, mas nem tanto as habilidades de saber-fazer.

Habilidades vão além de um mero conhecer e precisam de espaços de vivência.

Ainda assim, quando perguntado, disse que não achava esses conheceres mais fundamentais que outras formas existentes, nem mesmo mais fundamentais que aula de matemática no quadro negro.

E por que extrapolar outras formas de conhecer não é a questão fundamental, especialmente nas instituições escolares?

Ora, porque tanto conhecimentos como habilidades, quando colocados de forma obrigatória para o aprendiz, ensinam ‘saber’ e ‘saber-fazer’ mas ao mesmo tempo des-ensinam o fundamental – des-ensinam a capacidade do aprendiz de tomar responsabilidade pelo que quer aprender.

Tomar responsabilidade pelo próprio aprendizado é uma atitude que as instituições escolares tradicionais ignoram e, pior ainda, desencorajam.

O lugar-comum é o aprendiz ter pré-determinado o que se deve aprender, seja o tópico relacionado com matemática ou com jardinagem. Não existe procura, questionamento e decisão de responsabilizar-se pelo aprendizado. Tenta-se motivar a curiosidade no aprendiz de algo que nasceu do outro.

É importante existir o espaço para que o aprendiz possa entrar em contato com conhecimentos e habilidades, mas nada disso tem a capacidade de despertar uma atitude de aprendiz.

Ter uma atitude de aprendiz, por outro lado, faz com que a pessoa usufrua os espaços ofertados e mais, que crie seus próprios espaços e oportunidades.

Nestes espaços ela não só encontrará os conhecimentos e habilidades como poderá gerá-los (ou re-descobri-los) para responder ao seu ‘querer-saber-fazer’.

Atitude de aprendiz é o fundamental.