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Encontros Participativos com Clareza de Propósito

by Augusto Cuginotti

Tenho minhas inquietações, coisas que formigam o corpo para acontecerem. As maiores são prenúncio de alguma mudança que pode causar ansiedade, muitas vezes uma infundada fantasia de que o que está para mudar não vai caminhar para boa direção. Fantástico mesmo é que normalmente eu não tenho claro o que é “boa direção”. Fantasia completa.

Vejo a mesma fantasia trabalhando com os outros para criar e planejar espaços de encontro. Quem chama por vezes tem uma quantidade imensa de inquietações e pouca clareza de propósito e/ou quer saciar muitas vontades em um só espaço.

Gerenciar ansiedades é grande parte do trabalho. Fico imaginando casamentos – quem ajuda os noivos a organizá-los deve usar a energia assim:

Energia_casamento

De Inquietações ao Propósito

A primeira parte do trabalho é sempre mais cuidadosa, e as vezes mais longa, do que as demais. Clarificar o propósito para nós mesmos e para a pessoa com quem estamos trabalhando é fundamental porque gera as condições de contorno da jornada que em seguida vamos criar.

Muitas vezes recebemos o chamado para ajudar a criar algo em que, na conversa, o propósito não está claro, é ambíguo ou, pior, são vários. A ansiedade aumenta também quando apontamos essa realidade – a sensação parece ser de que voltamos à estaca zero ao redefinir o porquê de tudo aquilo.

Ceder a essa ansiedade e assumir que está tudo ok é uma armadilha que eu me lembro já ter caído diversas vezes. Seja no começo da conversa ou no meio, agarrar no tronco de um bom propósito é fundamental.

Condições para Criação Coletiva

Para darmos espaço para que se criem caminhos coletivamente, é essencial darmos as condições de que direção estamos falando. A definição e clareza de propósito nos permite desviar a rota de acordo com os acontecimentos e ainda assim caminhar na direção que queremos.

A clareza inicial previne ter que dar direção durante, ação que é resultado de propósito mal formulado e gera frustração geral: “como assim? convidaram para participar, mas por esse caminho não pode?”

Deixar explícito a direção gera as condições para que os próprios participantes definam os caminhos que fazem ou não sentido.

Uma das riquezas de encontros abertos é justamente essa capacidade de adaptar ao que vai sendo criado, trilhando caminhos que ainda não foram mapeados. O papel do anfitrião é dançar com as mudanças de caminho e trazer consciência de mudanças que afetam a direção que se imaginou no começo de tudo.

Propósito na Voz do Participante

Depois de criada a clareza entre quem anfitria é chegada a hora de receber os participantes da jornada. Aqui também é essencial que se revisite o entendimento de propósito.

Em situações complexas em que múltiplos atores estão envolvidos e carregando suas inquietações particulares, é natural que, por mais que se clarifique o propósito no ato de convidar, ainda assim cada um fantasie o seu próprio.

Explicar o porquê de estarmos juntos logo no começo da jornada ajuda, mas o melhor mesmo é abrir um espaço inicial para que os próprios participantes possam explorar consigo mesmos o porquê de estar lá. Ao articular o propósito na voz do coletivo, permite-se um alinhamento e uma checagem de destino antes da partida.

Checklist Clareza de Propósito

  • Transforme inquietações em um propósito claro e único.
  • Cuide para que exista tempo suficiente para atender ao propósito definido.
  • Na hora, preste atenção.