¿Como estamos haciendo lo que estamos haciendo en este presente, que estamos viviendo como estamos viviendo?
Eu acredito que estamos fazendo duas coisas de forma altamente distorcida: a primeira é o antropo-centrismo do existir e a segunda é o antropo-periferismo do agir.
Como seres dominados por nossa forma de ver, individual e coletiva, estamos presos na em uma visão antropocêntrica da realidade. Nesse caso, por sermos determinantes das distinções que fazemos o mundo e, sendo elas existentes para nós somente através destas distinções, achamos que sem nosso olhar observador elas não só não existem para nossa experiência, mas fundamentalmente não existem. O fato é: uma coisa que não existe para nós apenas não existe para nós. O assumir a não-existência além da nossa distinção é tão metafísico quanto o assumir existências que não podemos definir.
O que fazemos neste momento é, por estarmos estruturados a vermos como centro, não nos imaginamos como periferia. Ao mesmo tempo, como acostumados a diferir-se de um centro coletivo, agimos para mudar ou conservar uma periferia, um mundo externo, que não representa mudança estrutural, porque essa pertence a nós, ao centro. No meu lado do mundo: mudamos de roupa em vez de hábito, mudamos o outro em vez de nós mesmos, mudamos a favela e não wall-street, mudamos a África e não a Europa.
É como se o biológico-cultural fosse nossos olhos e nossa mente. Não conseguimos ver nada sem o auxílio desta estrutura, que filtra tudo o que vê e o que se distingue, mas isso apenas significa que a única maneira de ver do ser humano seja através de olhos e mente, mas não significa que seja a única maneira de ver. Ao mesmo tempo que o que podemos ver é tudo o que se distingue e tudo o que existe para nós, parece bastante razoável que existam outras estruturas com outras formas de ver, o que pelo menos poderia sugerir um pouco de humildade à raça humana.
Por outro lado, não podemos agir nas estruturas que não podemos distinguir. Na ação, distinguimos o sistema e o observador e preferimos trabalhar com o primeiro. Mudamos de roupa em vez de hábito, mudamos o outro em vez de nós mesmos, mudamos a favela e não wall-street, mudamos a África e não a Europa, mudamos as coisas porque além de determinismo estrutural temos determinismo cultural – nem muda o olho, nem a mente.
Em sustentabilidade, imaginamos que somos o centro do mundo e que ele deve se sustentar para nós. Quando agimos, trabalhamos para modificar o sistema, raramente o observador. Justo dizer que separamos nosso existir de nosso agir, e fazendo como estamos fazendo, vivemos como estamos vivendo.