Filosofias do Amor: um não-entender pelo outro

by Augusto Cuginotti

“Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento,
Tão cheia de pudor que vive nua.” Vinícius de Moraes


Esse tal de Amor não é coisa para ser compreendida, pensada, analisada, filosofada. Aliás, pensar e definir esse tipo de coisa é não dar a devida importância que ela merece.

Não acho que os artistas, poetas e pintores tentam falar de Amor. Na verdade trazem a expressão artística dos conflitos, das confusões, dos paradoxos. A ‘dor que desatina sem doer’ e o ‘contentamento descontente’ não são o Amor, são efeitos colaterais que não conseguimos entender e não conseguimos explicar. Para nós uma coisa não pode ser o que ela não é, ou pode?

E ainda sim representam tão bem o Amor porque não dá para entender nem um nem outro. E nem temos como! Amor é tão explicável quanto o contentamento descontente de Vinícius. Artistas e filósofos estão nos mostrando um não-entender para que nós o identifiquemos por um outro tão incompreensível quanto o primeiro.

Como nossos ricos corpos e mentes ficaram pobres das sensações, restritos ao muito ver e uma pitada de ouvir, temos é que agradecer a esses artistas que ainda tentam mostrar que Amor existe, explicando mesmo que não dê para explicar, usando os sentidos que ainda sabemos usar de nós mesmos.

Até que exista um Amor que nos presenteie com o pacote indefinível de sensações que nós, como seres metidos, vamos tentar definir.