forum mundial de educação; porto alegre 2004
Não tem mesmo como se empolgar num evento desse. As idéias caminham, mas são apresentadas em processos velhos dentro de um mesmo modelo que a educação já devia ter fugido há muito tempo.
Muito embora todos eles tenham muita gente interessante que sempre faz com que valha a pena ter vindo, a decepção com o processo de troca e como os educadores encaram aprendizado na prática é desoladora.
Em uma das sessões me senti como na universidade nos seus momentos deprimentes. Existia um grupo de professores que havia sentado no fundo para conversar durante a chatíssima palestra que se dava no local. É muito mais difícil quando se está do outro lado, né? Ou será que os grandes nomes da educação latino-americana não estão com essa bola toda mesmo, hein?
E esse discurso anti-imperialista anti-estadosunidos anti-tudo dessa gente!! Enquanto nossas escolas e o próprio FME refletem exatamente o educar doutrinário que tanto é criticado por todas essas figuras.
O discurso nas entrelinhas: “Estamos lutando por uma doutrinação pública e de qualidade no Brasil, onde todos tenham acesso à mesma oportunidade de serem modelados do jeito que nós achamos conveniente, ou pior, do jeito que a Unesco e uns carinhas de terno acham conveniente”.
Algumas pessoas falaram coisas interessantes, como a nossa formação escolar para a competição e para o emprego, reflexo da nossa condição de mão de obra para o comércio. Mas só falaram, algumas pessoas aplaudiram e só. Ponto alto do fórum… êxtase mais miúda, não?
No final ganhei uns amigos e um certificado. Para muitos foi um passeio que valeu 40 horas num certificado, como bem prega a vida acadêmica: quanto mais tempo você fica dormindo ou conversando com outras pessoas em uma sala de aula, melhor seu currículo, melhor pra você.
Quando mais doutrinado você for, maiores as chances de te chamarem para ‘educar’ os outros.
Muita diplomacia, muito não-me-toques, pouca confiança, pouca evolução.
Ainda não desisti. Se os educadores só trocam idéias em auditórios, vamos convida-los para um relacionamento digno de gente. De preferência de gente des-educada.
## A foto é de Dacar em 2000, mostrando que não evoluímos nada…