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O que eu Aprendi com o Novo Padre

by Augusto Cuginotti

Fui Apresentado ao Novo Padre

Me considero sortudo de poder ter trabalhado em comunidades que carregam em si um espírito de estar a serviço – elas são comunidades de cunho espiritual e as vezes religioso. Admiro o fato de que a existência dessas comunidades está embasada no estar a serviço de.

Algumas se tornaram burocráticas e dependentes de decisões hierárquicas, excesso de estruturas controladoras, etc, não muito diferente de outros tipos de organizações.

Semana passada me enviaram uma publicação informal feita por um padre católico da Austrália, Padre Brian Bainbridge, que faleceu recentemente. Ele era um dos experientes praticantes e divulgadores do Open Space [Espaço Aberto]¹ e ensinou e inspirou muita gente em seu país e no mundo.

Não tive a oportunidade de conhece-lo e também acompanho com dificuldade minha inscrição na lista online do Open Space, mas fiquei realmente interessado no que ele escreveu porque sua experiência misturava estar a serviço e aprendizagem coletiva. Isso foi o que eu aprendi com o novo padre na paróquia.

Estar a Serviço e Aprendizagem Coletiva

O início do documento escrito por Padre Brian já demonstra essa conexão:

A transformação que eu via tão necessária na vida da paróquia era o movimento do ‘controle’ para o ‘servir’.

Isso é realmente verdade para algumas organizações espirituais e religiosas as quais tive contato. No entanto tenho que admitir que não acho que controle seja o oposto de servir – imagino até que em algum momento da história controle tenha sido grande parte do estar a serviço. Mesmo se isso for verdade para uma época, não é verdade para hoje: vivemos em uma cultura onde processos são controlados em demasia e matam a criatividade, a inovação e não convidam as pessoas a participar de decisões relevantes a elas.

Estamos em uma era de complexidade na qual estar a serviço significa apoiar-se mais em aprendizagem e ações coletivas. Se trata cada vez mais de estar a serviço através de convidar as pessoas a servir.

Verdadeiros Agentes de Mudança fazem coisas ‘Chatas’ sem se Chatearem

Lendo o documento, Padre Brian fala sobre um grande número de mudanças estruturais e de processos que aconteceram com o tempo. Mudanças reais significam deixar algumas coisas morrerem, dar atenção aos detalhes, ser cuidadoso com a comunidade e as vezes escolher pelo devagar e chato paciente no lugar do rápido e divertido.

Para mim, que gosto de ver grandes mudanças acontecendo rápido, juro que tive que respirar fundo para ler a descrição completa da mudança do sistema de som da Igreja, algo que certamente foi uma grande contribuição para a comunidade, contribuição que eu não posso apreciar sentado lendo aqui no meu banquinho.

Mudanças que envolvem pessoas são analógicas e tem inércia – devem ter. Um verdadeiro agente de mudança pode ao mesmo tempo se importar profundamente pela mudança e desapegar dela acreditando que com espaço as coisas vão se cristalizando. Ambas as coisas estão presentes na história do Padre: o que requer mudanças radicais – ex. quando foi decidido que os conselheiros financeiros seriam escolhidos somente entre os jovens – ou o que requer esperar até que o coletivo esteja pronto para agir – ex. o caso do gerenciamento da escola pertencente à Igreja e seu diretor.

Mas “deixar acontecer” não quer dizer que não há estrutura e processo e que seja somente uma licença para tudo.

Open Space Estruturando uma Atitude de Anfitrião

Métodos e modelos são bons suportes para que você possa focar no que realmente importa – bons métodos e modelos podem estruturar atitudes que ajudam o anfitrião e os participantes. Estrutura é um constante convite ao comportamento, então é bom manter um olho nela para ver como ela está a nosso serviço.

Foi interessante ler que uma das mudanças de atitude em relação ao novo Padre veio do seu convite constante (e portanto da constante fé) na sabedoria e no poder das pessoas em relacionamento com ele e com o propósito maior.

As pessoas começaram a caminhar do “O que você quer que façamos?” para “Isso precisa de atenção“.

se for trabalho de Deus, vai prosperar. Se não, vamos acabar descobrindo. Então vá em frente.

Ele definiu suas escolhas como sendo ‘consistentes com o modelo do Open Space’ e ‘no espírito de auto-organização‘. Eu colocaria no sentido inverso – o modelo do Open Space e a auto-organização são consistentes com essa atitude, parte do que faz o Open Space um ótimo ‘sistema operacional‘. De uma forma ou de outra, devemos aprender com ele.

Anfitrião 2.0: Nunca Estou Ocupado

Esse é um presente compartilhado pelo Padre Brian, sabedoria de quem foi mestre em ser anfitrião.

Qualquer padre que faz isso [dá suporte ao espaço da paróquia] sabe o quão importante é “estar por perto” no momento em que as pessoas se conectam. Um Padre em uma Paróquia descreveu isso como sendo o “Sacramento de ser visto”[…]

A vantangem de estar por perto é evitar a sensação ou percepção de “estar muito ocupado”. As pessoas frequentemente iniciam a conversa comigo com “Eu sei que você é muito ocupado, mas…” Para qual minha resposta é sempre “Nunca estou ocupado – como posso ajudar?”

Para poder estar a serviço, nunca deveríamos estar ocupados. Isso é a arte de anfitriar 2.0

Este texto é uma tradução livre de meu artigo original em inglês
What I’ve Learned from the New Parish Priest.

Picture from Lawrence OP